Corey Taylor e música cover como caça níquel
Há um debate na cena underground de que, bandas autorais e covers estão em lados opostos, no que diz respeito aos seus objetivos econômicos, mesmo que ambos os campos estejam no fim das contas, querendo apenas tocar o bom e velho rock n roll. Analisando de forma profunda, isso é verdade. Dificilmente você verá bandas covers ou tributo tocando de graça; mas projetos musicais autorais sim. Aliás, é quase somente dessa maneira que uma banda com seu repertório próprio tem condições concretas de se apresentar ao vivo para uma plateia, seja ela de qual tamanho for. E por mais que os músicos intérpretes de canções alheias queiram lançar mão de argumentos diversos na defesa dos trabalhos covers em detrimento dos trabalhos autorais, certos acontecimentos irrompem para destruir o mínimo resquício de debate. E o responsável atual por esse tal acontecimento, é o cantor Corey Taylor.
Vocalista das bandas Slipknot e Stone Sour, Corey Taylor lançou recentemente o álbum CMF2B… or Not 2B, contendo uma maioria de canções covers, de Judas Priest a Ozzy Osbourne. O que leva um artista consagrado mundialmente a gravar músicas que não sejam obras originais? Vontade de fazer algo diferente? Saudades da época em que era apenas um músico anônimo e cantava em bandas de garagem? Medo do público atual não está muito afim de coisas novas? Pode ser. Na dúvida, para não ter eventuais prejuízos em produtos lançados e serem ignorados, usa-se a tática mais fácil e comprovadamente eficaz: regravações de músicas de bandas famosas, ou popularmente falando: covers.
Em tempos de democratização de ferramentas de produção, distribuição e monetização, é normal o fracasso financeiro de alguma produção, seja de qual área. Sabendo que existem no mundo milhares de bandas, de alta qualidade, que também estão lançando seus trabalhos, ganhando dinheiro, mesmo que pouco, alguns profissionais da música, especialmente do rock, que está em baixa na cena mainstream, estão relutantes e comedidos em certas ações comerciais, preferindo a princípio, usar as armas que acreditam serem efetivas em tempo de vacas magras (cover wins).
Enquanto isso, as bandas autorais seguem na luta, sozinhas no quesito apoio financeiro dos empresários, mas unidas entre si para levar ao grande público, suas composições, suas artes sonoras, acreditando sempre que a vitória chega para aqueles que perseveram, confiam em si, e trabalham em prol do original e único.