Guanambi, Vigilio Leasi, e a importância do K7 nos anos 90

 Guanambi, Vigilio Leasi, e a importância do K7 nos anos 90
#Compartilhe

COLUNISTA: JAMES SILVA

 

Nos idos de 1993, o contexto das bandas brasileiras passava por uma grande modificação estética e sonora, com novas faces surgindo no cenário nacional. Destaques desse período, Skank e Cidade Negra já despontavam com relativo sucesso nos circuitos alternativos, e de maneira muito breve alcançariam o topo das paradas do Rádio e da TV. Nesse ambiente de devastadora efervescência cultural, o mangue beat explodia na cena local, e os Raimundos já eram o centro das atenções do rock jovem daquela geração.

 
imagem aerea da cidade de Guanambi na Bahia
Guanambi

Em Guanambi, no estado da Bahia não era diferente. Essa movimentação era sentida nas ruas, nas festas, nos bailes e no burburinho dos fanáticos por música, e nas resenhas entre os músicos locais. A troca de informações se dava pela interação dos moradores com os seus conterrâneos e parentes que moravam nas capitais. Principalmente Belo Horizonte e São Paulo, mas também Brasília, no Distrito Federal. Desses lugares é que vinha a avalanche de novidades musicais em discos, k7s, e CDs que já começavam a ganhar o mercado.

Músicos guanambienses
Músicos guanambienses
 

O Axé da época já demonstrava sinais de saturação, e as bandas e artistas do estado passavam por grande dilema. Muitas bandas encerraram atividades e os músicos foram obrigados a se virar e se adaptar aos novos tempos. Muitos partiram para pequenos grupos nos quais o teclado fazia as vezes dos instrumentos. Nesse arcabouço devastador e absurdo, havia uma turma que vivia em verdadeira mineração de novidades do mundo da música. Realizavam peregrinações quase que diárias na Rádio Guanambi FM à procura dos últimos lançamentos, enquanto estes não chegavam nas poucas lojas de discos da cidade.

 
musico guanambiense Virgilio Leasi
Virgilio Leasi

Dentre esses cidadãos encontrava-se Virgílio Leasi e sua turma que peregrinavam nas rádios com fitas k7 virgens em mãos para gravar os álbuns que eram a febre do momento. No final de 1993 mais uma vez Virgílio e outros músicos subiram a ladeira do Monte Pascoal no início de uma noite de Outubro. Aguardaram o Intervalo da programação, e lá foram importunar o locutor para que gravasse para eles o disco de lançamento do Skank, que já estava estourado em MG.

 
álbum da banda brasileira Skank em 1993
Skank 1993

Pouco tempo depois a novidade já se encontrava espalhada pela cidade, e os grupos já tocavam os hits: Tanto (I want you), Homem Que Sabia Demais, In(dig)nação, a internacional Let Me Try Again, dentre outras. Registros dos ensaios foram perdidos, e inclusive essas fitas não sobreviveram, porque os músicos viviam gravando outras músicas “por cima” para se atualizarem. O que é uma pena, pois seria uma prova documental dessa importante época na história cultural de Guanambi.

Relacionados