Como não deixar o rock se tornar um eterno “Especial Roberto Carlos”
É possível atualizar o rock brasileiro e não permitir que ele caia na maldição da repetição, como acontece em algumas situações, como essa que já se tornou meme, o eterno “Especial Roberto Carlos”? No momento em que escrevo esse texto, estamos no final do ano, e próximos desse grande acontecimento anual, realizado pela Rede Globo, onde o cantor Roberto Carlos faz seu belíssimo show ao vivo, encantando os telespectadores (idosos), pelo país.
Sempre que paro pra ouvir as músicas das bandas que eu sou fã, todas elas são canções antigas, mas é importante lembrarmos que vivemos sob regime capitalista e ao mesmo tempo, as pessoas envelhecem e morrem. Então, pra onde irá o rock se as bandas não se renovarem? Como modificar os sons para se adaptarem aos gostos das novas gerações? O que as gravadoras, produtoras, empresários estão fazendo para trazer ao mainstream as bandas novas? O que os artistas estão fazendo de fato para conquistarem fãs jovens?
Se você tem banda de rock autoral, e acha que irá conquistar corações e mentes de ouvintes que já passaram dos 40, tenho uma péssima notícia pra dar… Isso também vale para produtores de eventos.
Vamos todos virar tiktokers e fazer dancinhas… (não seria má ideia).
Há um toque de arrogância por parte daqueles que querem “manter a pureza” do rock, e “não se misturar” com a “ralé” dos outros estilos comerciais. Obviamente não há nenhum problema. As pessoas são livres pra fazer o que quiserem, inclusive passarem fome. Mas se o artista e o empresário que querem ganhar dinheiro e viverem da sua arte rock n roll, precisam começar a aprender sobre certos assuntos que muitas vezes parecem contraditórios, quando se relacionam a esse estilo musical que surgiu como um movimento rebelde, contestador, anti capitalista, etc.
Pra se conseguir juntar essas duas questões principais: ser roqueiro e pagar as contas no final do mês, é necessário dançar a dança, entender dos paranauês, fazer rir se quiser rir, botar o pé na lama, sentar à mesa do inimigo, ou seja, aprender sobre a vida real. O período de ser ouvinte do rock pode até não ter passado, mas o momento do início dos negócios só está começando (ou melhor, está se renovando).